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Obsessão ou meta?

Limites entre ter um objetivo e uma obsessão

Entrevista do psicólogo Victor Dalla Nora Araujo CRP 06/104201 para Veronica Mambrini IG - Delas

Psicologo para tratar obsessão1- É possível estabelecer o que é normal, quando se trata de um objetivo caro a uma pessoa?

Psicólogo: Como se sabe, existe um enorme leque de normas sociais; devemos sempre considerar a cultura, o meio, o momento histórico em que estamos inseridos, e a partir de então podemos nivelar o que é tido como “normal” e aceitável para determinada sociedade e conseqüentemente para seus indivíduos.

Por um lado, ao pontuar o que é, ou o que deveria ser “normal” ao outro, estamos inserindo valores próprios, e muitas vezes desconsiderando as particularidades do outro, que (apesar fazer parte de uma mesma cultura) teve experiências diferentes das nossas. Sendo assim, naturalmente, este outro irá conceber e manifestar alguns destes signos sociais de forma diferente.

Por outro lado, como já dito, há uma prévia expectativa acerca da normalidade, dos caminhos que devem ser traçados para determinado nicho social. Por exemplo: apesar da contemporânea mudança na estrutura familiar, ainda se tem uma latente expectativa da concepção de um núcleo familiar feliz, filhos, etc. Ou ainda, a aceitação da homossexualidade ocorre mais no campo das idéias do que na prática, já que ainda há muitos preconceitos e manifestações destes frente ao tema.

2- Muitas pessoas são extremamente focadas em seus objetivos, sejam de carreira, numa prática esportiva, ou numa meta, como perder peso ou preparar a festa de casamento perfeita. Para quem está de fora da situação, a jornada de trabalho pesada, as muitas horas de treino, a dieta específica e seguida à risca parecem um exagero. Isso causa conflitos familiares e até com amigos. Quem deve ceder?

Psicólogo: É especifico de situação para situação, mas talvez se trate de um ceder mútuo.

De qualquer maneira, considerando que seja apenas um estilo de vida ou mesmo uma meta bem estabelecida para determinado período da vida, e não um comportamento obsessivo, é interessante que exista diálogo, que se coloquem as questões pertinentes ao eventual conflito em discussão.

Mas só a partir de um movimento em que se abra mão de interesses próprios, dando espaço a escuta, para que se tente entender as atitudes e vontades do outro, é que se pode chegar a um consenso, uma resolução agradável para ambos os lados.

3- Quais os sinais de que um objetivo se tornou uma obsessão?

Psicólogo: Quando se passa a viver somente para e pelo objetivo. Mas veja, há um detalhe interessante: o obsessivo não sente prazer em sua obsessão, ao contrário, sofre. Explico: na obsessão o individuo depara-se com a incompletude e muitas vezes com a culpa. Para o obsessivo não há desfecho, há sempre a sensação da falta, de que algo poderia ser melhor feito, realizado mais vezes, etc.

Percebe-se que o que era um inocente objetivo tornou-se uma obsessão quando surgem alguns sintomas, como por exemplo, idéia fixa em algo, de forma a excluir todo e qualquer pensamento que não o fenômeno em questão.

Também é interessante notar que o obsessivo reconhece que há algo de errado, mas muitas vezes existe dificuldade em assumir, em pedir ajuda. Em muitas situações a obsessão leva a um sofrer solitário, no qual o individuo relutante em dar voz a sua patologia, cede, para sentir um alivio imediato, perpetuando o ciclo, escravizando-se.

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4- Como superar o pensamento obsessivo? É preciso se afastar totalmente da meta pretendida ou é possível aprender a gerenciar?

Psicólogo : É preciso, antes de tudo, reconhecer que se necessita de ajuda. Para a pessoa sofre de transtorno compulsivo obsessivo, não será pelo afastamento da “meta” que o processo de cura se efetivará, mas pelo trabalho psicoterápico onde se poderão investigar as causas inconscientes do problema.

Recomendo um filme português: “Alice” – de Marco Martins (2005)

Consulte um psicólogo
Marisa de Abreu Alves | Psicóloga CRP 06/29493

*O material deste site é informativo, não substitui a terapia ou psicoterapia oferecida por um psicólogo.