Autoaceitação
Entrevista cedida para o site da Dove sobre autoestima e autoaceitação
Dove: Embora o termo tenha passado por uma banalização, conseguir trabalhar a autoestima é fundamental para lidar com diversas situações.
Como você definiria o conceito de “auto-estima”?
Psicóloga: A auto- estima refere-se a um componente do autoconceito , que diz respeito aos afetos e emoções que acompanham a descrição de nós mesmos.
O termo autoestima muitas vezes é encontrado na literatura como sinônimo de autoconceito. No entanto, o autoconceito seria um construto mais amplo, que incluiria os aspectos cognitivos, afetivos e comportamentais, enquanto a autoestima seria um componente mais avaliativo e limitado do que o autoconceito. O autoconceito pode ser definido como comportamentos que o indivíduo tem em relação a si mesmo, decorrente da maneira como se percebe. Ele mostra além de crenças percebidas sobre nossas competências individuais em situações específicas, crenças de valor sobre si mesmo.
A autoestima mostra como o indivíduo vê o mundo que o cerca, e como ele reage a esse mundo, a esse ambiente. As experiências de uma pessoa, as relações estabelecidas com o ambiente de forma positiva ou punidoras fazem com que o indivíduo se comporte de uma determinada a essas história passada . Essas experiências constroem a autoestima da pessoa fazendo-a se comportar demonstrando nas relações a confiança, segurança e valor que o indivíduo dá a si mesmo , (amor próprio, autovalorização). Por isso a importância de se ter uma autoestima equilibrada.
- De uma forma geral, como uma pessoa poderia se aceitar do jeito que é?
Psicóloga: Dedique‐se a se conhecer , observe como você se comporta pois as consequências podem afetar a sua vida de alguma maneira. O autoconhecimento pode ser essencial para a auto aceitação. Algumas questões podem ser refletidas a fim de melhorar a autoestima. Pontos que podem ser observados
‐ A auto aceitação pode ajudar em seu crescimento pessoal. O auto conhecimento pode ajudar pois talvez seja mais dificil mudar o que não reconhece em si mesmo.
‐ Comparar seu potencial consigo mesmo pode ser mais produtivo do que a comparação com outras pessoas.
‐ O auto conhecimento pode apresentar imperfeições que você não identificaria sem este processo, mas acredito que proporcionaria maiores se condições de estabelecer uma autoestima saudável.
‐ Concentrar em ser uma pessoa de valor e não de sucesso pode trazer maior satisfação pessoal. Considero o sucesso opcional e relativo.
‐ Exigir‐se na medida certa ‐ nem menos, nem mais que o possível pode evitar ansiedades improdutivas.
‐ As opiniões alheias, mesmo as das pessoas que você mais respeita, podem ser subjetivas, pois são apenas opiniões. Acredito que a melhor parte da história da Humanidade foi escrita por pessoas que tiveram coragem de confrontar opiniões.
‐ Considero a humildade um ponto positivo para a auto aceitação, a autopromoção ou autodestruição podem trazer resultados negativos.
‐ Não percebo como produtivo desconsiderar nossas virtudes só também temos defeitos.
‐ Considero possível encarar as críticas como algo a seu favor, pois este marerial pode ser usado, para alguma melhoria pessoal.
‐ Podemos acreditar em nós, mas podemos ir sem pressa! Acredito que a Autoconfiança se constrói gradualmente.
Como diferenciar que é característica pessoal e não tem como mudar, daquilo que é possível se trabalhar e melhorar?
Na minha opinião, somos formados pela nossa estrutura genética, nossa história de aprendizado e experiências e por nossa cultura. Penso que somos passíveis de mudança a medida que começamos a nos conhecer melhor e conseguimos ver as nossas relações com o ambiente. Somos o que pensamos ser e nos comportamos de tal maneira, por isso a busca do autoconhecimento e fundamental, pois ele permite entender e identificar o que está acontecendo melhor o que sempre aconteceu e agora está sendo visto como algo ruim. Oque acontece que te faz sentir-se menos valorizado gerando sentimentos de impotência, tristeza, ansiedade e/ou menos valia.
- Frente a tantas cobranças sociais, de ser bonita, boa profissional, boa mãe, fazer atividades físicas, ser feliz, qual o conselho (ou os conselhos) que você daria para uma mulher conseguir lidar com essas “exigências” e conseguir desenvolver mais autoconfiança?
Psicóloga: Tanto você quanto os outros podem estar enganados, interpretando partes da sua imagem como sendo a imagem total e/ou generalizando um momento particular que você está vivendo, como término de relacionamento, problemas no trabalho, questões hormonais ou alguma situação de doença e até mesmo falta de tempo( casa, filhos, marido, trabalho).
Por isso é necessário que haja em algum momento um STOP para uma reflexão sobre o que está acontecendo nesse momento em sua vida observando o que não está legal, oque deveria ou gostaria de fazer para alcançar seu objetivo ou simplesmente para parar de se sentir para baixo. Precisamos nos dedicar ao exercício de olhar para nós mesmos com um olhar sincero, deixando de lado as artimanhas que usamos para fugir deste encontro, tais como os mecanismos de subestimação ou superestimação. Nós somos aquilo em que acreditamos. Os atrativos físicos não são o único aspecto importante para a sociedade. Outros valores, verdadeiros instrumentos de transformação do ser humano - precisam ser mais desenvolvidos e praticados, para que o homem encontre sua verdadeira felicidade e comece a ter confiança em si mesmo elevando a sua auto estima, valores como: autenticidade, tolerância com os seu modo de ser e com o modo de ver o outro, empatia colocar-se no ugar do outro, ser solidário aos seus sentimentos e humildade.
- Por que quem tem uma boa auto-estima consegue lidar com as cobranças e resolver os problemas com mais facilidade?
Psicóloga: Quanto maior a autoestima mais bem equiparado o indivíduo se encontra para lidar com as derrotas, maiores são as possibilidades de melhorar relacionamento com aqueles que o cercam, maior será a sua autoconfiança. Na conquista do sucesso a autoestima é de grande importância. Se você se gosta, convence os outros a gostarem de você. A maior questão aqui seria não de ser confiante para tomar uma decisão, ou medo das coisas não darem certo, o que realmente faz pessoas com uma boa autoestima conseguirem lidar melhor com os problemas é o modo como agem diante de um fracasso, uma rejeição. A situação de aversividade ocorre porque o indivíduo não consegue tolerar a frustação, ou seja, não sabe lidar com situações em que suas atitudes não deram certo, ou foram aceitas.
A pessoa com a autoestima em “ordem” consegue pensar em tentativas de resoluções de problema mesmo pensando que essas tentativas podem não darem certo. Elas conseguem agir diante de uma situação que não saiu como o esperado.
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- Qual a influência da família na formação de um adulto com boa auto-estima e confiança?
Psicóloga: A auto-estima é desenvolvida com os elementos fornecidos de relações familiares e sociais. Esses elementos, entretanto, nem sempre fornecem informações positivas a respeito de si próprio e, à medida que o indivíduo cresce precisa-se identificar quem verdadeiramente ele é e assumir a responsabilidade pela própria existência.
Os pais são o começo da estrutura de uma criança, com as suas regras, opiniões, elogios validações de suas atitudes no decorrer da infância. Pais com autoestima baixa poderão criar uma expectativa alta em cima dos filhos e uma exigência e cobranças muito grande. Se essas expectativas não são alcançadas ou a exigência vai além do que a criança pode fazer há um sentimento de subestimação, de menos valia e de insegurança para realização de algumas atividades, já que o que vai ser feito não será compatível com o que é esperado ou exigido. Os estudos sobre autoestima apontam em sua extensa maioria para influências presentes na infância. Coopersmith (estudioso sobre a questão da autoestima), que realizou um amplo estudo que aponta como fatores importantes na construção da autoestima:
- o valor que a criança percebe dos outros em direção a si, expresso em afeto, elogios e atenção;
- a experiência da criança com sucessos ou fracassos; -a definição individual da criança de sucesso e fracasso, as aspirações e exigências que a pessoa coloca a si mesma para determinar o que constitui sucesso; e, da forma da criança reagir a críticas ou comentários negativos.
- Tem mais alguma coisa que você acha importante falar sobre esse tema?
Psicóloga: A partir desse levantamento de fatos, encontrar maneiras alternativas de agir naquela situação, para não ser tomado pelos sentimentos auto destrutivos que aumentam a sensação de fracasso, impotência e rejeição.
O ponto máster para melhorar a autoestima como já foi dito é o autoconhecimento e para esse autoconhecimento há algumas dicas que podem ajudar a pessoa a pensar e explorar melhor o seu eu, a sua individualidade.
As dicas são:
- Descobrir seus “pontos fracos” e saber que ela poderá ser criticada por eles, e assim agir sobre eles fazendo cursos, aprendendo com outros ou exercitando mais aquela habilidade;
- Identificar suas qualidades não apenas os defeitos, isso facilita o engajamento em tarefas onde suas características positivas possam ser realçadas;
- Engajar-se em atividades mais prazerosas ou onde se tem um bom desempenho e se é valorizado. Assim, fortalece-se a autoestima, não pela superação de um problema, mas pelo aumento de atividades que produzam coisas boas si e validem o que se é e o que se faz;
Valorizar a si mesmo e sua individualidade empenhando-se em atividades que lhe tragam felicidade, seja cuidar de forma física (melhor autoimagem), dançar, ler um bom livro, permitir-se ser cuidado, amado e sentir-se especial.