Não acredite em tudo
Não acredite em tudo que passa em sua cabeça
Em minha experiência na psicologia tenho percebido alguns pensamento disfuncionais comuns, tais como: “vou morrer sozinho jamais vou ter alguém na vida”, “impossível vencer minha timidez e falar em publico”, “bons empregos são para os outros, não para mim”. Frases como essas podem virar crenças caso não sejam contestadas.
O que é uma crença
É um ponto de vista considerado verdadeiro sem antes ser analisado.
Como as crenças surgem
Algumas vezes podem ser crenças apreendidas dos pais, pode ser influências dos seus irmãos ou as influencias culturais, sociais e educacionais. Mas não importa da onde vêm, o que importa é que depois que você aceita como verdade essa crença pode causar um forte impacto em todo seu modo de agir e reagir . Por exemplo, pessoas com a crença de que jamais terão um companheiro, podem achar que vão morrer sozinhos. São pessoa que podem ter assumido isso como verdadeiro devido informações passadas pela forma de educação que receberam desde criança.
Porque as pessoas tem pensamentos disfuncionais?
Qualquer um pode correr o risco de cair na armadilha do raciocínio deficiente. Crenças disfuncionais fazem parte da natureza humana, não significa ser pouco inteligente. Eu acredito que não seja necessário carregar essas crenças para o resto da vida, o começo dessa jornada é saber por que e como entramos de cabeça em crenças que nos causam sofrimento.
Qual o problema com estes pensamentos disfuncionais
Seis problemas básicos:
1° As pessoas tendem a acreditar mais em estórias pessoais do que em estatísticas. Exemplo: você já deve ter ouvido que é muito comum que um casal engravide logo depois de ter adotado um bebe. Ouvindo essas estórias a gente começa a pensar em que o modo mais fácil de engravidar seria adotando um bebe. O que não te contam é a quantidade enorme de pessoas que adotaram um bebe e não engravidaram. Essa estória não dá ibope, então ninguém conta. Nem te contam a quantidade de pessoas que depois de um bom tempo tentando engravidar não pensaram em adotar e ainda assim engravidaram, mas também não são estórias tão interessantes assim pra se contar não é? Aí as pessoas começam a tirar conclusões baseadas nas estórias pessoais e não nos fatos reais. O ser humano é um contador de estória por natureza mas o resultado disso é que a gente tende a considerar estas estórias mais do que merecem.
2° As pessoas tendem a confirmar suas crenças ao invés de avaliá-las. Exemplo: uma pessoa que se acha feia só vai dar importância pras pessoas que fizerem comentários ruins a seu respeito, aquelas dezenas de pessoas que lhe fizeram elogios serão descartadas sem qualquer atenção, ou seja, ela só absorve as coisas negativas que lhe dizem e que “bate” com o que ela mesma pensa, e descarta as positivas. Isso se chama percepção seletiva. As pessoas dão mais importância às informações que sustentam as suas crenças do que as informações que contradizem estas crenças, mesmo que essas crenças sejam negativas e erradas. Outro exemplo: uma pessoa que acredita que um colega de trabalho o odeia - essa pessoa tende a reparar em todas as vezes que esse colega não concorda com sua opinião, mas não percebe quando esse colega o convida para uma festa, ou seja, bota um holofote em tudo de negativo e nem olha para o positivo.
3° As pessoas não gostam de acreditar em acaso. O ser humano se sente perdido se aceitar que coincidência existem. Uma vez uma moça chegou chorando no meu consultório porque concluiu que ela tinha “cara de vulgar”, palavras dela, e porque disso? Num mesmo dia dois rapazes a chamaram para sair, e pra ela isso só podia significar uma coisa: ela havia se tornado vulgar e nem tinha percebido. Pode uma coisa dessas? As pessoas tendem a pensar que se duas coisas acontecem juntas é porque uma tem a ver com a outra, mas a maior parte das vezes não tem nada a ver. Uma vez atendi um rapaz muito reprimido sexualmente, durante a psicoterapia ele me conta que quando criança estava brincava com o seu corpo quando seu pai entrou bravo em casa e lhe deu uma bronca. Pronto! Ele associou a bronca com sua brincadeira e se reprimiu por anos a fio. Analisando juntamente comigo ele percebeu que o pai já estava bravo quando entrou em casa, não era por sua causa, foi pura coincidência ter levado aquela bronca naquela hora, mas essa coincidência custou muito pra ele - imagine o que é levar uma vida de repressão sexual à toa. O trabalho da psicoterapia é modificar essa carga emocional.
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4° Nossa visão nos engana, nossos sentidos não são tão apurados como pensamos. Muitas vezes a gente tem certeza de ter ouvido uma coisa que nunca foi dita, tem certeza de ter visto algo que nunca existiu. Uma vez uma paciente me contou de um e-mail que recebeu e ela considerou muito ofensivo. Ela chegou chateadissíma e quando me mostrou o tal e-mail de natal vi que dizia: feliz natal, muitas felicidades, que seus sonhos se realizem. Onde foi que ela viu motivo pra se magoar? Foi a interpretação que ela fez que a magoou pois ela conseguiu ver distancia e formalidade, quando esperava um pouco mais de calor humano neste e-mail, mas quem disse que esse não seria o estilo da pessoa, que os sentimentos da pessoa que enviou o e-mail seriam na realidade de afeto sincero?
O que estou querendo dizer é que muitas vezes a você vê uma cara de ódio em alguém porque isso é o que você estava esperando dessa pessoa, não que de fato houvesse ódio. Ou até vê algo bom quando na realidade estão te fazendo de bobo. Outro exemplo: uma paciente estava muito contente com seu namorado novo porque ele disse pra ela que ela era muito bacana, ela não lhe perturbava, não era chata. Mas todos os seus amigos já tinham lhe avisado que esse rapaz era do tipo que namorava duas ao mesmo tempo, mas como ela era muito insegura e tinha necessidade em agradar as pessoas, e este rapaz dizia que ela era boazinha, ela estava feliz. Mas não deu outra, não demorou muito ela descobriu que de fato ele namorava ela e mais duas. Conclusão: ser boazinha era uma vantagem para ele , quando ele a chamava de boazinha estava dizendo que ela era bobinha, mas pra ela era muito importante ser boazinha. Viram? A gente tende a ver o que quer ver, ou o que espera ver. Às vezes isso causa muitos danos, pois o que se espera ver muitas vezes não é o que de fato está acontecendo e nem é o que te faz bem.
5° Temos pensamentos automáticos e acreditamos neles sem raciocinar. Vejam bem, ter pensamentos automáticos faz parte da vida, mas muitas vezes a gente toma decisões baseados em coisas que vem rapidamente à nossa cabeça e essas coisas muitas vezes são muito erradas. Por exemplo: você foi convidada para ir ao sambódromo, mas você tem uma crença que lhe diz que isso é coisa de gente que não tem responsabilidade, e então nem questiona e logo recusa o convite, fica em casa sozinho. Ou seja, por conta de um pensamento automático errado podou a sua própria vida.
Outro exemplo: quem tem pânico sabe o que é um pensamento automático disfuncional, de repente a pessoa tem a sensação de que está tendo um treco e que vai morrer, passa muito mal, mesmo sem ter nenhum problema de saúde. Outro exemplo: quem sofre de ataques de raiva sabe que de repente vem uma certeza de que aquela pessoa está lhe explorando, está sendo injusta e lá vai você atacando o outro impulsivamente. Isso acontece porque a gente tende a simplificar o raciocínio. Muitas vezes a gente acredita que é verdade este pensamento que te veio à cabeça naquela hora. Outro exemplo: a pessoa que morre de medo de ir ao médico e tem que fazer exames de rotina, nada grave mas vai morrendo de medo ou nem vai, porque? Porque seus pensamentos automáticos lhe dizem que ela está para morrer e estes pensamentos vem à mente com muita facilidade por estarem carregados emocionalmente. É claro que se algum dia ela perdeu alguém querido por doença ou lhe contaram um estória de muito sofrimento envolvendo doença isso fica gravado na sua mente e acaba parecendo mais real do que é. É uma informação errada, ela não corre perigo de morte corre o perigo de ficar podando a sua vida vivendo eternamente com medo.
6° Nossas memórias podem ser falhas . As pessoas tendem a acreditar em sua memórias piamente, mas sinto em lhe informar que nosso cérebro não armazena as coisas na memória de forma completa como pensamos. Nossa memória é construtiva, ou seja nossa memória guarda apenas partes e cada vez que a gente lembra de uma coisa essa coisa é reconstruída. Além do mais nossas crenças podem influenciar nossas memórias. Pra você ver como isso é verdade pegue uma fato que tenha acontecido a um grupo de pessoas, peça para cada um lhe contar esse fato. Você terá várias estórias diferentes, e quanto mais tempo passa mais diferentes vão ficando as estórias. Veja dois irmãos um sofre loucamente com a família que teve e o outro não tem a mesma visão destrutiva dessa família pois as lembranças tem coloridos emocionais diferentes.
Conhecer essas peças que a mente da gente nos prega é o primeiro passo pra conseguir viver melhor. Mas só conhecer não muda muita coisa, o que se tem a fazer é mudar o seu modo de pensar, ter um pensar analítico. Isso precisa de prática e precisa de ajuda de alguém que não esteja envolvido na sua vida pessoal ( o psicólogo ) nosso cérebro é uma maquininha fabulosa mas precisa ser bem usada.
É importante conseguir sair do conforto das suas crenças. Até crenças que te trazem sofrimento psíquico são difíceis de serem removidas porque o ser humano tem uma tendência natural a procurar o conforto nas suas certezas. O ser humano procura certezas pois é mais fácil alguém se prender a uma certeza referente a algo negativo do que ter dúvidas quanto a duas coisas boas. Por exemplo, se você acha que duas pessoas te consideram competente mas tem certeza de que uma te acha incompetente você pode se fixar nessa uma que te acha incompetente, e pode sofrer com essa idéia, você pode se considerar um derrotado. Mas há dois que te acham competente! Porque você não considera a possibilidade de a verdade estar com estes dois?
É isso que eu estou te propondo olhar os fatos de frente, analisar e questionar e ter a sua referência. Saber quem você é e não ficar seguindo idéias erradas.
Como sair dessa?
Eu considero interessante o desenvolvimento de um pensamento científico, ou seja transformar as crenças em hipóteses e testar cada hipótese. Por exemplo, muitos tímidos sofrem com a dificuldade de se expressar, talvez tenham medo de não serem aceitos. O que eu proponho é que você considere que “não ser aceito pelos outros” deixe de ser uma coisa que você acredita e passe a ser uma hipótese, teste essa hipótese. Minha proposta é que você desafie essa e questione essa crença.
Fonte: Não acredite em tudo o que você pensa - Thomas Kida
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