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Orientação de pais

As maneiras de agir de uma pessoa são resultado, entre outros aspectos, das relações estabelecidas com variáveis que estão e que estiveram presentes em sua história de vida, a exemplo de conceitos e tradições culturais, interações sociais e familiares (Skinner, 1981).

Psicologo para orientar paisA interação com os pais e o modelo que eles fornecem são elementos fundamentais para a formação de padrões de comportamentos de uma pessoa.

O ambiente familiar exerce papel importante no desenvolvimento das condutas de cada pessoa. Isso porque qualquer comportamento, seja ele considerado adequado ou não, é inicialmente aprendido no âmbito familiar: o primeiro, e muito provavelmente o mais influente, meio social da criança (Mercaldi, 2009). A relação estabelecida entre pais e filhos desde os primeiros momentos da vida da criança é, sem dúvida, muito importante para o seu desenvolvimento global. É nesse contexto que a criança vai aprender e desenvolver repertórios de socialização, de interação com demais pessoas, de resolução de problemas e inúmeras outras condutas (Conte, 2001; Rocha & Brandão, 2001; Marinho & Silvares, 2000; Banaco & Martone, 2001, Ingberman, 2001). Vê-se, pois, que problemas de comportamento não se tratam de falha de caráter, de um mau temperamento ou da índole da criança, mas sim resultam das maneiras como a ensinamos (pais, familiares e educadores) a se relacionar com o mundo e com as pessoas ao seu redor.

Por vezes, os pais encontram grandes dificuldades para tomar decisões sobre a criação seus filhos. Essas dificuldades têm se tornado mais conhecida, pois os pais têm solicitado mais por ajuda. Criar um filho não é tarefa fácil. Muitas vezes parece mais prático e viável simplesmente reagir, cedendo a birras e má-criações. Em outros momentos, ainda, a exigência associada ao excesso de regra e limites parece ser o caminho mais seguro para garantir que um filho seja da maneira como os pais gostariam que ele fosse. Já a superproteção pode contribuir para a formação de uma pessoa frágil e insegura, pois ensinamos à criança que não é ou será capaz de fazer por si mesma e de se cuidar, que alguém sempre terá que fazer por ela. Assim, as queixas mais frequentemente trazidas pelos pais que procuram uma orientação se relacionam às dificuldades de impor regras e limites, além da dúvida a respeito de como proceder para ensinar aos filhos maneiras adequadas deles agirem nas mais diversas situações (Marinho, 2001; Mercaldi, 2009).

Em meio a essas dificuldades, muitos pais podem fazer uso de punições, pois essa prática leva a criança a parar de se comportar da maneira indesejada no momento em que é castigada ou reprimida. No entanto, com essa medida, a criança não aprende outras maneiras de agir diante da mesma situação, mas sim que não deve fazer daquela forma na frente daquele adulto. Então, logo que o pai ou a mãe não estiver mais por perto, é muito provável que o comportamento indesejado volte a aparecer. Além disso, as crianças podem começar a apresentar comportamentos de oposição, classificados como birra ou rebeldia, se não encontram outra forma de driblar a situação aversiva. (Alvarenga, 2001; Banaco & Martone, 2001; Mercaldi, 2009).

Somam-se às dificuldades encontradas na tarefa de educar um filho conceitos a respeito da criação, que podem ser provenientes tanto de tradições familiares quanto culturais. Ainda, o dia-a-dia dos pais influencia muito a maneira deles lidarem com a criança. Isso porque, após um dia de muito estresse, por exemplo, os pais não terão condições de apresentar a mesma paciência que teriam com o filho se não estivesse nessas condições. Problemas conjugais, o divórcio ou a falta de apoio de familiares também podem interferir nas condutas dos adultos frente a comportamentos específicos de suas crianças (Conte, 2001; Marinho, 2001; Moraes & Murari, 2000; Ingberman, 2001).

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Diante desses dados, é possível perceber a importância existente num trabalho voltado a orientar os pais sobre maneiras de interagirem com seus filhos e de empregar medidas educativas, no sentido de ajudar a criança a se tornar um adulto capaz de lidar com o mundo que o espera. Esse trabalho costuma ser desenvolvido por um psicólogo com experiência na área e parte de uma relação de aliança com os pais em prol do bom desenvolvimento da criança. Sendo assim, o psicólogo trabalha também de forma preventiva, uma vez que, além de ajudar os pais a corrigir o que não parece adequado, também os ensina a empregarem medidas diferentes em novos contextos evitando problemas futuros.

Dessa forma, é proposto aos pais o desafio de modificar, antes de tudo, o próprio comportamento para promover a mudança e manutenção dos ganhos adquiridos pela criança. O objetivo dessa intervenção é o de levar os pais disponibilizarem consequências de forma adequada e contingente os comportamentos de seus filhos, aplicando medidas educativas aos comportamentos inadequados e valorizando os adequados. Quando a crianca faz algo que consideramos como bom comportamento, precisamos ressaltar essa atitude e mostrar que é isso que esperamos dela. Desse modo, ela tera atenção e será valorizada por fazer o adequado e aprende que vale à pena se comportar assim (Mercaldi, 2009).

No entanto, para que os pais possam modificar suas condutas com seus filhos, é preciso também que eles tenham ao menos algum conhecimento sobre o que os leva a agirem com suas crianças das maneiras como o fazem. Isso porque, na medida em que alguém tem maior conhecimento de sua maneira de agir e das variáveis que contribuem para isso, estará mais apto a modificar seu comportamento e a ampliar suas habilidades de relacionamento. Mudanças nos comportamentos dos pais, sejam relacionadas à educação dos filhos ou não, refletirão em alterações do comportamento da criança (Rocha & Brandão, 2001). É preciso olhar para os pais como alguém que também tem uma história de vida, uma bagagem para lidar com seus problemas e dificuldades, assim como para educar seus filhos, seja ela consciente ou não.

Além disso, é importante que o casal apresente uma mesma conduta diante do comportamento do filho. Para tanto, deve haver acordos entre os cônjuges sobre como agir em relação à educação dos filhos e quais medidas devem ser adotadas em cada situação. Para a criança deve chegar apenas a decisão dos pais e uma única medida (Conte, 2001; Marinho, 2001; Moraes & Murari, 2000; Ingberman, 2001). As discordâncias devem aparecer só para os pais e ser trabalhada entre eles. Nunca diante da criança.

Objetivos do trabalho de orientação:

• Em curto prazo:

• Empregar adequadamente técnicas comportamentais específicas;

• Substituir medidas coercitivas por medidas educativas;

• Ampliar as possibilidades de interações adequadas entre pais e filhos;

• Alterar os comportamentos problemáticos atuais.

• Em longo prazo:

• Prevenir a ocorrência de comportamentos antissociais;

• Promover a autonomia da criança de hoje e, consequentemente, do adulto de amanhã;

• Promover melhores relações sociais;

• Ensinar valores e condutas, possibilitando que a criança seja agente de sua própria felicidade.

O foco da intervenção dos pais na educação das criancas deve ser sempre o aprendizado delas em termos de valores, atitudes e habilidades para que sejam capazes de conduzir suas vidas e serem agentes de sua própria felicidade. Para tanto, as medidas adotadas pelos pais diante dos comportamentos de seus filhos deve ser contingente, consistente e equivalente às atitudes desses, visando sempre o benefício e aprendizado da criança (Conte, 2001; Marinho, 2001; Moraes & Murari, 2000; Ingberman, 2001).

Capacitar pais para lidarem com questões frequentemente presentes na interação pais-filhos – ajudando-os a promover situações de ensino, a construir uma autoestima saudável e a autonomia da criança – é uma maneira bastante importante de contribuir com a melhora da qualidade de vida da família. Por meio de orientações adequadas e fundamentadas em pesquisas e estudos que demonstram os efeitos que a educação pode produzir na vida da criança, o psicólogo pode desenvolver um trabalho capaz de modificar de forma definitiva a relação estabelecida entre pais e filhos.

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Referências:

ALVARENGA, P. (2001) Práticas Educativas Parentais como Forma de Prevenção de Problemas de comportamento. In GUILHARDI, H., MADI, M. B. B. P., QUEIROZ, P. P., SCOZ, M. C. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 8 (p. 54-60).

BANACO, R. A. & MARTONE, R. C. (2001) Terapia Comportamental de Famílias: Uma Experiência de Ensino e Aprendizagem. In In GUILHARDI, H., MADI, M. B. B. P., QUEIROZ, P. P., SCOZ, M. C. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 7 (p. 200-205).

CONTE, F. C. de S. (2001) Promovendo a Relação entre Pais e Filhos. In MALY, D. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 2 (p.).

INGBERMAN, Y. K. (2001) O Estudo de Padrões de Interação entre Pais e Filhos: Prevenção da Aquisição de Comportamentos Desadaptados, Embasamento para a Prática Clínica. In GUILHARDI, H., MADI, M. B. B. P., QUEIROZ, P. P., SCOZ, M. C. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 8 (p. 227-233).

MARINHO, M. L. (2001) Comportamento Infantil Anti-Social: Programa de Intervenção Junto à Família. In KERBAWY, R. R. e WIELENSKA, R. C.(org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 4 (p. 204-212).

MARINHO, M. L. & SILVARES, E. F. de M. (2000) Modelo de orientação a Pais de Crianças com Queixas Diversificadas. In WIELENSKA, R. C. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 6 (p. 165-178).

Mercaldi, M. (2009) Filho de Peixe.

http://www.redepsi.com.br/portal/modules/soapbox/article.php?articleID=532

MORAES, C. G. de A. & MURARI, S. C. (2000) Intervenção Grupal Junto a Famílias do Divórcio. In WIELENSKA, R. C. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 6 (p. 187-194).

ROCHA, M. M. & BRANDÃO, M. Z. da S. (2001) A Importância do Autoconhecimento dos Pais na Análise e Modificação de suas Interações com os Filhos. In MALY, D. (org.) Sobre Comportamento e Cognição – Vol. 2 (p.)

SKINNER, B. F. (1981) Ciência e Comportamento Humano. São Paulo, SP: Martins Fontes.

Mariana Mercaldi Cordeiro

Psicóloga analista do comportamento

Terapia Cognitiva comportamental

CRP 06/85034

Consulte um psicólogo
Marisa de Abreu Alves | Psicóloga CRP 06/29493

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