Psicopata corporativo
Em boa parte das vezes ele é charmoso, tem excelente postura, fala com confiança, conquista quem procura um profissional motivado e inteligente (ou seja, todo mundo)
Entrevista cedida pela psicóloga Marisa de Abreu para Revista Isto é
1. Como você descreveria um "psicopata corporativo"?
Psicóloga: Em boa parte das vezes ele é charmoso, tem excelente postura, fala com confiança, conquista quem procura um profissional motivado e inteligente (ou seja, todo mundo). O psicopata não tem todo o conhecimento e capacidade técnica que faz as pessoas pensarem que tem mas é muito hábil em “responder sem responder” – habilidade encontrada nos políticos, não que todo politico seja um psicopata pois ele treina para fazer algo que seria muito natural no psicopata – ou seja, quando lhe fazem perguntas ou lhe dão tarefas que exigem a habilidade necessária ele simplesmente “escorrega” passando, de forma inteligente, a tarefa para outras pessoas ou faz um serviço medíocre mas ainda tem argumentos muito bem articulados para tentar convencer de que sua ação foi a melhor. Tudo isso para atingir seus objetivos de poder e dinheiro.
2. O que ele pode fazer de pior a um colega ou até mesmo para uma empresa?
Psicóloga: Pode mentir, enganar, dar rasteiras, jogar muito sujo mesmo. Pode sorrir e fazer as pessoas pensarem que são suas amigas, convida para frequentar sua casa mas não se inibe em fazer algo que prejudique a outra pessoa, como roubas clientes, falar mal sem fundamento para a chefia deste colega, e até mesmo entrar na empresa para roubar toda fonte de informação e clientes e abrir uma concorrência.
3. E quais as consequências mais comuns para suas vítimas?
Psicóloga: Raiva, prejuízos financeiros e morais. Ele pode desmoralizar seus colegas de trabalho e muitas vezes não será identificado como um psicopata, isso dificulta a recuperação da imagem das pessoas que ele denegriu.
4. Por que as empresas são campos tão férteis para esse tipo de empregado?
Psicóloga: Porque, muitas vezes, o psicopata procura o poder acima de tudo. Ele tenta provar que está acima da média. Claro que no fundo é uma pessoa muito insegura e infeliz, mas não sabe lidar com essas dificuldades. Dificilmente procura tratamento psicológico e quando frequenta uma terapia reclama de insônia ou algo que não o desmascare de imediato. Mas todo psicólogo desconfia deste perfil quando seu paciente passa a usar as sessões de psicoterapia para se vangloriar de feitos e ditos, coloca a culpa em todos ao seu redor quanto as coisas que dão errado em sua vida.
5. O que uma pessoa pode fazer para evitá-lo ou evitar ter atrito com ele?
Psicóloga:: O ideal seria compartilhar suas impressões com colegas e superiores, se você perceber alguma coisa e guardar ele poderá virar contra você. Não deixe que seu charme o engane, pois ele poderá tentar usar quem estiver por perto, como por exemplo passar o serviço dele para que você execute e ainda fará você pensar que “tudo bem” – afinal todos temos tendência de levar numa boa as mazelas daqueles a quem simpatizamos.
6. E as empresas, como podem se precaver?
Psicóloga: Os departamentos de recrutamento e seleção devem controlar a tentação de considerar que encontraram o profissional perfeito. Isso não existe, caso apareça alguém muito exuberante, com todos os conhecimentos que a empresa precisa, muito falante e articulado – preste um pouco mais de atenção nas dinâmicas de grupo e perceba se ele foi desleal com os colegas para brilhar mais que todos. Preste atenção a quem reclama muito dos “invejosos”, que acha que só tem qualidades e que todos os outros “inferiores” merecem ser passados para trás.
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Jornalista Débora Rubin
Revista Isto É
Editoria de Comportamento