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Separação dos pais

Hoje em dia, podemos dizer que está mais fácil para a criança aceitar a separação dos pais do que há 30, 40 anos?

Psicologo para tratar separacaoEntrevista cedida para Revista Na Mochila

Separação dos pais

- Hoje em dia, podemos dizer que está mais fácil para a criança aceitar a separação dos pais do que há 30, 40 anos? Por que?

Psicóloga: Está mais fácil por ser um assunto mais comum. Hoje as crianças tem mais contato com outras famílias onde houve separações. E quanto mais situações ela tem contato mais chance de também ter contato com famílias onde a separação não foi traumática – e ao perceber que não necessariamente a separação seja algo ruim fica mais fácil para criança lidar com a separação em sua própria casa.

- Como os pais devem informar a criança sobre a separação?

Psicóloga: Cada família pode perceber a necessidade de um abordagem que satisfaça a necessidade daquele momento e daquela criança, talvez falar de forma clara, afirmativa, honesta, sem tons de voz demonstrando dor ou culpando um ou outro possa ser util para algumas situações.

- Quais os sentimentos que essa notícia pode despertar?

Psicóloga: A criança pode ficar confusa, imaginando quais aspectos de sua vida sofrerá alterações e muitas vezes ela também pode imaginar-se como culpada. Por isso pode ser importante os pais ficarem atentos e esclarecer todas as duvidas que possam surgir.

- Como evitar o sofrimento dos filhos nesse momento tão delicado para o casal?

Psicóloga: Nem sempre há sofrimento, considero até mesmo possível que conforme o caso a própria criança perceba como sendo esta a saída mais sensata para seus pais. Em outros casos talvez não dê para evitar mas pode ser possível amenizar sofrimentos, para isso é necessário deixar muito claro que a separação é apenas do casamento mas ele continuará sendo amado pelos dois da mesma forma.

- A partir de qual idade a criança sente mais a separação?

Psicóloga: Não há uma idade certa, cada caso é um caso, mas conforme a criança vai entrando numa maturidade e pode entender o que significa separação, ou seja, ver menos um dos pais, não ve-los mais em atos de carinho, mais a separação poderá ser sentida por esta criança.

- Como deve ser resolvida a guarda dos filhos?

Psicóloga: A decisão da guarda deve priorizar o que é melhor para os filhos, observando questões básicas como quem teria melhor possibilidade de oferecer proteção, saúde, alimentação no horários corretos, etc.

- Quando os pais estão bem-resolvidos na questão da separação, os filhos conseguem lidar melhor com a situação?

Psicóloga: Este é um grande indicador para que as crianças possam lidar bem com o assunto. Pois por mais que os pais tentem disfarçar e representar um papel falso de felicidade poderá haver dicas que podem ser percebidas pelas crianças. 

Agende sua consulta >> Ligue no (11) 3262-0621 ou clique aqui

Separacao paisEntrevista cedida pela psicóloga Aurea Ferreira Martins dos Santos CRP 06/74489 à Revista Bolsa de Mulher

A influencia da Separação dos pais para os os filhos

Como a separação dos pais influencia na vida de uma criança/adolescente?

Psicóloga: A separação dos pais é um momento de muitas mudanças para os filhos, e essas mudanças nem sempre são boas, dependendo de como é conduzido o processo.

Inicialmente essa criança e/ou adolescente terá que construir um novo contexto de família, com pais não mais vivendo juntos, com possíveis alterações em seus finais de semana, com mudanças na rotina doméstica entre diversas outras modificações que podem ocorrer diante da separação dos pais.

Os filhos passarão muitas vezes finais de semana em casas diferentes, o que implica em uma nova rotina. Os pais poderão constituir novas famílias, e os filhos precisarão se readaptar a uma nova esposa do pai e/ou marido da mãe, outros filhos, possibilidades de novos irmãos.

Entretanto essas mudanças e diversas outras que ocorrem quando os pais se separam não precisam ser necessariamente ruins. A maneira como os pais conduzem à separação influencia diretamente na forma como os filhos irão lidar com a situação.

Por mais que os filhos sintam ausência de um dos pais em seu dia-a-dia, e todo o processo possa gerar muito sofrimento para a criança e/ou adolescente, ele não precisa ser traumático.

Há algum cuidado especial nesses casos?

Psicóloga: É muito importante que os pais conduzam o processo de separação de forma clara, sem esconder dos filhos que estão se separando e, estando atentos para que a criança e/ou adolescente não se sinta responsável pela separação.

Fundamental que os pais esclareçam aos filhos que o fato de se separarem não faz com que deixem de ser seus pais e de amá-los. Que o carinho e amor que sentem pelos filhos não irão mudar, porém acontecerão alterações em suas rotinas e será necessário novas adaptações.

Em alguns casos os pais estão vivendo grandes conflitos e muitas vezes acabam brigando na frente dos filhos, outras vezes um dos pais não apresenta comportamentos adequados nos cuidados com os filhos e, nesse caso, acaba sendo impedido de vê-lo ou passar os finais de semana com o mesmo. Nestas situações o processo de separação pode ser muito doloroso para a criança e/ou adolescente e gerar sofrimento e abalo emocional.

O que é essencial ser feito quando se toma a decisão de separar?

Psicóloga: Quando a separação ocorre de forma tranquila é importante que os pais conversem de maneira clara com os filhos sobre sua decisão. Não é necessário que entrem nos motivos que os levaram a se separar de forma mais detalhada, porém é importante que deixem claro para a criança que não foi ela a razão da separação e que continuam sendo seus pais e a amando.

Qual a idade que os filhos mais sentem pela separação? Por quê?

Psicóloga: Quanto maior a convivência com os pais quando casados, mais a criança pode sentir o processo de separação. Quando muito nova, ainda bebê, a criança esta formando seus vínculos e começando a reconhecer seus pais; nestes casos o processo de separação pode gerar uma dificuldade de formação de vínculo com o pai que não ficar com a guarda da criança.

Para suprir essa defasagem é importante que o pai que não ficou com a guarda do filho seja o mais presente possível na vida do mesmo, a fim de formar um vínculo de confiança e amor.

Quando maiores, com 5 anos, 7 anos, as crianças já compreendem melhor o que é separação (se esta for explicada para a criança de forma clara), muitas vezes fazem perguntas sobre como ficará sua rotina, podem sentir-se tristes, chorarem e, é por isso, fundamental, que mesmo vivenciando um momento muitas vezes difícil e doloroso para eles, os pais consigam também oferecer o suporte emocional para os filhos. Situação esta nada fácil muitas vezes.

Como falar para a criança sobre o assunto? Há uma forma mais fácil de explicar o que está se passando?

Psicóloga: Os pais devem sempre ser o mais verdadeiro e claro com os filhos. Não há necessidade de que fiquem falando diversas vezes sobre o tema, sem que tenham claro sua decisão, porém a partir do momento que decidem pela separação é fundamental que esclareçam para os filhos sua decisão e o porquê da mesma.

Não precisam contar sobre as brigas, discussões e detalhes do relacionamento entre eles que levaram a esta decisão, mas é fundamental que deixem claro que a separação ocorreu por divergência na relação entre o casal, e que os filhos continuarão recebendo o mesmo amor e não deixarão de ser filhos mesmo com os pais não mais morando juntos.

Em casos onde a separação ocorre devido ao nascimento da criança, quando, por exemplo, um dos pais não desejava ter filhos, esta não deve ser de forma nenhuma culpabilizada, pois se os pais decidem não continuar mais juntos é por que não tinham condições de compartilhar os mesmos objetivos, e não por que a criança foi a responsável direta.

O que os pais NÃO podem fazer de jeito algum aos filhos algum quando se separam?

Psicóloga: Os pais devem evitar ao máximo expor os filhos às brigas, discussões, pois estes não precisam presenciar estas situações, as quais pertencem somente ao casal.

Além disso, é fundamental que os pais não “usem” os filhos para fazer chantagem com o antigo parceiro (a), como quando querem aumento de pensão. A criança deve ser respeitada, e não servir de objeto para os conflitos entre o casal.

Muito comum também os pais falarem “mal” um do outro para o filho. Nesses casos, os pais acabam projetando nos filhos suas frustrações na relação e mesmo que, de forma não consciente, ao falar mal, criticar, denegrir a imagem do outro pai para o filho, desejam que este não goste mais do mesmo. Essa situação pode gerar conflitos para a criança, que muitas vezes, ainda pequena, acaba convivendo com uma demanda emocional muito complexa.

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Em quais casos é indicada a terapia para as crianças?

Psicóloga: É fundamental que os pais estejam atentos aos comportamentos dos filhos durante o processo de separação, tanto antes como após separarem-se. Muitas vezes as crianças começam a apresentar uma queda no desempenho escolar, maior isolamento, tristeza, falta de apetite.

Todos estes são sinais de que algo não esta indo bem. Nesses casos, à ajuda de um profissional poderá ser fundamental, tanto para orientação destes pais em como lidar com os filhos diante do novo contexto, como para a criança, que encontrará um suporte emocional adequado para expor suas angustias, medos, fantasias.

Em alguns casos, quando os pais decidem separar-se buscam ajuda profissional para receber orientações de como lidar com a criança, e também para que este possa avaliar como os filhos estão lidando com o processo. O que também tem ótimos resultados.

Qual a sua mensagem para esses pais?

Psicóloga: Busquem sempre resolver os problemas entre vocês sem envolver as crianças, pois estas não têm responsabilidades sobre os conflitos na relação do casal. E, quando acontecer a decisão de se separarem, sejam o mais claros, honestos e sinceros com seus filhos, esclarecendo sempre que estes não tem responsabilidades sobre a separação, e, mesmo se separando vão continuar sendo seus pais e sempre vão amá-los.

Consulte um psicólogo
Marisa de Abreu Alves | Psicóloga CRP 06/29493

*O material deste site é informativo, não substitui a terapia ou psicoterapia oferecida por um psicólogo.

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