Acompanhamento psicológico para quem tem compulsão por comida
A ideia de que “você é o que você come” não consegue abarcar todo o complexo fenômeno da alimentação para nossa espécie.
As esferas pessoal, familiar, social, e de outras estruturas- institucionalizadas ou não- em que transitamos trazem ritos e histórias peculiares que nos afetam a todos(as).
Nas sociedades ocidentais contemporâneas, por exemplo, as autoridades em saúde pública enfatizam que para ser saudável, é necessário ser magro e controlar o peso¹.
A mídia e a divulgação de estatísticas sobre “epidemias” de obesidade contribuem para a construção da noção de responsabilidade individual.
Ao relacionarmos os transtornos alimentares ao processo de medicalização do comportamento alimentar, percebemos que ambos estão imersos em valores a respeito da comida, da aparência física e da relação entre saúde e doença².
O indivíduo é responsabilizado e tem de arcar com este fardo sozinho. A compulsão alimentar possui uma relação estreita com a obesidade, porém os episódios de ingestão de alta quantidade calórica podem ocorrer em indivíduos não obesos².
Pesquisas ainda incipientes sugerem como características da obesidade mórbida a compulsão por comida semelhante às características da adição a psicotrópicos e a incidência preocupante de abuso sexual infantil, e a regulação afetiva imatura².
A compulsão por comida pode ser entendida como um ponto focal para o processo psicoterapêutico, onde o(a) profissional tenta compreendê-la em seus sinais e significados junto ao(a) paciente, para que ele(a) possa aprender a lidar com este sintoma e, assim, sofrer menos ao longo da vida.
Um estudo de 2010³ indicou que obesos que se submetiam a dietas relataram episódios de compulsão precipitados por ansiedade, frustração, depressão e outras emoções desagradáveis. Os autores sugerem que os obesos são encorajados a impor um limite cognitivo à sua ingestão alimentar, a qual introduz uma sensação de negação, culpa, e a resposta comum a tais limites: superalimentação. Consequentemente, qualquer perda de peso pode ser impedida por episódios de excessos alimentares que são uma resposta às muitas mudanças cognitivas e emocionais que ocorrem devido à nova dieta alimentar.
Desse modo, fica claro que a compulsão por comida deve ser levada a sério e compreendida como um sintoma de algo mais complexo e multifatorial que amarra a pessoa, psicologicamente, a comportamentos e afetos que para serem “desatados” podem precisar da ajuda profissional de um(a) psicólogo(a).
Um trabalho psicoterápico pode auxiliar a pessoa a se manter firme no caminho para o autoconhecimento e fortalecimento individual enquanto luta com o sintoma visível de dificuldades mais profundas, que pode ser a compulsão alimentar (ou compulsão por comida), ou outros transtornos.
Marisa de Abreu Alves
Psicóloga
CRP 06/29493
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1 SOPHIA, BV. Compulsão alimentar como objeto de pesquisa da Antropologia das Emoções. INTRATEXTOS, Rio de Janeiro, 2015. Número Especial 6(1): 85-108. ISSN 2176-6789
2 Birck, M. D. (2017). “Comer para preencher”: uma compreensão psicológica do reganho de peso após a cirurgia bariátrica. UNB.
3 Ogden, J. (2010). The psychology of eating: From healthy to disordered behavior. United Kingdom: Blackwell Publishing.