Guia de Tratamentos para Neurose de Abandono
A neurose de abandono pode fazer evitar vínculos mais do que superficiais com os outros e limitar suas experiências cotidianas em várias dimensões.
A neurose de abandono pode fazer evitar vínculos mais do que superficiais com os outros e limitar suas experiências cotidianas em várias dimensões. Ansiedade, evitação, e ruminação constante são alguns dos sintomas ligados a este quadro psicológico e que são tratados junto a sua estrutura neurótica por profissionais especializados(as). Conheça um pouco sobre alguns tratamentos para neurose de abandono abaixo.
Existe tratamento para neurose de abandono?
Do ponto de vista psicodinâmico há três indicadores que mostram quão bem a pessoa com neurose de abandono responderá ao tratamento: a intensidade e caráter do masoquismo, a intensidade e caráter da agressão e a capacidade de amar, em termos de capacidade recíproca mínima.
O masoquismo desempenha um papel central na neurose de abandono e suas muitas nuances, de acordo com a psicanálise. Em certas pessoas, se percebe que desde o início o masoquismo é a reação primária e que, em contraste com suas tendências autodestrutivas, o trabalho analítico oferece um alento, uma capacidade de experimentar alegrias e uma resiliência de caráter que é um bom presságio para o tratamento.
Em outros casos, ao contrário, parece que todo o dinamismo energético interno foi destruído e o sabor do prazer ou da alegria não existe. Em tais situações o masoquismo parece ser constitucional, o que parece um absurdo do ponto de vista biológico, mas, no entanto, significa o estado de coisas a ser considerado.
Torna-se, então, uma questão de manejo clínico monitorar se a intensidade e o aparente caráter constitucional desse masoquismo permitem a esperança de melhoria.
As conclusões sobre a adequação da pessoa para o tratamento são baseadas diretamente nas observações desses três componentes essenciais: masoquismo, agressão e capacidade de amar.
O perfil “negativo repulsivo” é tipicamente tratado por um período mais longo e tem um prognóstico menos favorável do que o perfil “positivo atrativo”.
Psicoterapia psicodinâmica no tratamento da neurose de abandono
O trabalho no consultório é baseado na relação entre cliente e analista e se desenvolve através do diálogo entre os dois, e, principalmente, entre a própria pessoa e seu inconsciente. Durante o desenvolvimento do tratamento para a neurose de abandono o(a) analista fica atento(a) à necessidade insaciável de amor e o medo que impulsiona a resistência da pessoa analisada.
A terapia evidenciará sentimentos e a dinâmica da neurose de abandono em suas relações e pensamentos, inclusive àqueles direcionados a si mesmo(a) e de caráter depreciativo.
A análise buscará trazer esses e outros conteúdos à tona sem que se torne palco de ruminações, hábito comum a quem tem neurose de abandono.
Por outro lado, o analista pode focar o masoquismo da pessoa atendida demonstrando ativamente que o conhecimento do passado dela não é de interesse, exceto em termos de como este conteúdo pode afetar e modificar a sua vida no presente. O(a) cliente, sacudido(a) pelo hábito cansado da queixa estéril, pode ficar agitado(a) e muitas vezes se revoltar, temendo o roubo da fonte indispensável de agravo que alimenta seu masoquismo.
Porém, aos poucos, o sujeito passa a ver, e principalmente a sentir, tudo o que diz respeito à sua vida passada de uma nova maneira. Assim, a emoção é mobilizada, permitindo sua descarga efetiva e trazendo à consciência os eventos ou situações reais que foram verdadeiramente traumáticas.
Como funciona o tratamento na análise?
Durante o trabalho analítico a pessoa descobre a experiência de ser ouvida e compreendida na ausência de julgamento crítico, de maneira inédita em sua vida, e tem a oportunidade de dizer e expressar tudo sem provocar reações agressivas ou de ser abandonada pelo(a) psicoterapeuta, cuja atitude e comportamento podem ser totalmente invocados em termos de consistência, igualdade e objetividade, etc.
A ansiedade também é trabalhada durante o tratamento para neurose de abandono, sendo componente essencial da trama. A ansiedade relacionadas aos encontros terapêuticos, duração do tratamento e seu término, são reflexo do mesmo sentimento em outras dimensões da vida da pessoa fora do ambiente protegido do consultório.
Terapia de esquemas para neurose de abandono
A abordagem da terapia do esquema de Jeffrey Young, que trabalhou com Aaron Beck- desenvolvedor da terapia cognitiva comportamental nos EUA-, estava interessado nas pessoas que não respondiam ou tinham muitas recaídas durante o tratamento de transtornos de personalidade com a terapia cognitiva.
Seu interesse se voltou nesse momento para o transtorno de personalidade borderline, que traziam essas “falhas” no tratamento e o levou à compreensão de que tais pacientes frequentemente tinham estruturas cognitivas muito mais rígidas; problemas psicológicos mais crônicos, frequentemente para toda a vida; e sistemas de crenças disfuncionais mais profundamente arraigados.
O pesquisador entendeu que esses “esquemas” normalmente tinham suas raízes em uma infância conturbada ou abusiva. Essas pessoas, em muitos casos, podiam ser enquadradas na definição de transtorno de personalidade.
Como a neurose de abandono a questão do vínculo com outras pessoas para quem sofre do transtorno borderline é um ponto nevrálgico da sua personalidade.
Esquemas de neurose de abandono
Ao vislumbrar os esquemas em que a pessoa transita em sua vida é possível se trabalhar as origens de crenças e comportamentos nocivos ao bem-estar pessoal que podem persistir por muito tempo.
Esquemas como de desconfiança, vergonha, abuso, isolamento social entre outros podem estar envolvidos no comportamento mais perceptível da neurose de abandono: evitar a rejeição a todo custo.
O trabalho na terapia de esquemas é similar ao da terapia cognitiva comportamental, porém pode ser mais abrangente e intenso, na sua abordagem holística de conflitos internos inerentes a neurose de abandono.
Descobrindo o esquema pelo qual a pessoa trilha sua vida- seus sentimentos, ações e pensamentos- é possível criar um desvio através de exercícios realizados sob supervisão clínica, bem como em casa.
Como num treino para competições esportivas a pessoa estará pronta para acionar o devido comportamento ou pensamento nas situações anteriormente estressantes ligadas às vivências de abandono, geralmente imaginárias e fonte de medo, ansiedade e autodepreciação.
Conclusão
A neurose de abandono, o medo sempre presente de rejeição, de não ser bom o bastante, de não encontrar aceitação no mundo pode ser tratada. A psicologia oferece várias opções de tratamento para a neurose de abandono. Aqui mencionamos algumas das mais utilizadas.
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Referência
GUEX, Germaine. The Abandonment Neurosis. Routledge, 2018.
Kellogg, S. H., & Young, J. E. (2006). Schema therapy for borderline personality disorder. Journal of Clinical Psychology, 62(4), 445–458. doi:10.1002/jclp.20240