Compulsão alimentar
Até a década de 50 ignoravam-se possíveis diferenças comportamentais nos obesos.
1- O que é compulsão alimentar?
Psicólogo: Até a década de 50 ignoravam-se possíveis diferenças comportamentais nos obesos. A partir de então, foi observado que alguns deles tinham mais depressão, transtorno de personalidade e transtornos de humor do que outros; como também a gravidade e inicio da obesidade variavam de caso para caso. Deste modo, começou a ser investigado, o que depois foi denominado de Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP).
Trata-se de uma síndrome caracterizada por uma grande ingestão de alimento em tempo delimitado (período de 2 horas), acompanhado por perda de controle sobre o que ou o quanto se come. Para caracterizar o diagnóstico, tais episódios devem ocorrer pelo menos duas vezes por semana em um período de seis meses, sem comportamento de compensação para evitar ganho de peso (vomitar ou expelir o que se ingeriu).
A compulsão é resultado de um conflito psíquico e de uma luta subjetiva entre duas funções opostas, estando o sujeito impossibilitado de escolher. Age a partir do sofrimento e sua irrefreável repetição. Basicamente, por se tratar de um comportamento compulsivo, os pensamentos ou atos que o sujeito realiza lhe parecem um corpo estranho de uma força incontrolável. São pensamentos ou atos contra qual, normalmente, o sujeito gostaria de lutar.
Podemos afirmar que o que caracteriza a compulsão alimentar não é a gula, mas a relação do sujeito com o que come e com suas emoções.
2- O que provoca a compulsão alimentar?
Psicólogo: Para cada pessoa o problema surge de uma forma. Mas podemos apontar problemáticas relacionadas à auto-imagem, auto-estima. E também, como foi dito, a origem pode ser relacionada a questões emocionais/afetivas.
Também - fator agravante - podem ocorrer tentativas frustradas de controlar o peso. E com a insatisfação e a falta de controle sobre o próprio corpo, ocorre movimento inverso: a pessoa passa ao uso indiscriminado de alimentos, como forma de resolver estes problemas emocionais.
3- O que sente a pessoa que come compulsivamente?
Psicólogo : Indivíduos com Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica apresentam maior comorbidade com outros sintomas em diagnóstico psiquiátricos, como por exemplo, transtornos de humor ou ansiedade:
- Sofrimento psicológico devido à depreciação da auto-imagem;
- Mal estar físico devido à grande quantidade de alimentos ingeridos;
- Vergonha por comer tanto e então, o indivíduo se isola;
- Depressão;
- Nojo de si próprio; e
- Culpa (o comedor compulsivo, por culpa, pode compensar com jejum de 2 dias e depois voltar ao ciclo de ingestão).
Os comedores compulsivos comem até o estômago doer e a ingestão desenfreada pode ser uma tentativa de preenchimento, e conseqüentemente diminuição, da sensação de angústia vivida internamente.
4- Pergunta estatística: A compulsão alimentar atinge mais homens ou mulheres? E é mais recorrente em qual faixa etária: crianças, adolescentes ou adultos (onde se enquadra expressivamente)?
Psicólogo: O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica é freqüentemente associada à obesidade, por não haver formas de compensação de peso, diferentemente da bulimia ou anorexia.
Dado curioso é que, estatisticamente, é ainda mais freqüente que a bulimia ou a anorexia. A compulsão alimentar atinge de 1 a 4% da população geral e, é mais freqüente em adolescentes e mulheres jovens.
No grupo de obesos, atinge por volta de 33 a 50% desta população e também é mais freqüente em adolescentes e mulheres jovens. Há uma explicação para isto: na adolescência, época de transformação afetiva, social e corporal, a aparência física adquire importância na construção da identidade pessoal.
5- Será que eu tenho compulsão alimentar? (existe algum método, ou perguntas especificas que possam me dar um parâmetro para que eu identifique se eu sou um compulsivo?)
Psicólogo: Tente responder, criticamente, tais perguntas:
1- Ingiro grande quantidade de alimento, e não tenho controle sobre minha fome, sobre o que eu como? 2- Isso tem ocorrido pelo menos duas vezes por semana nos últimos seis meses? 3- Como sem sentir fome? Como rápido demais? Como até me sentir estufado? Como sozinho por vergonha da quantidade que como? 4- Sinto culpa após comer? Tenho sentimentos de angústia antes e após comer?
Outros fatores importantes para um possível diagnóstico:
1- Não estar associado à purgação, jejum, exercícios físicos, como forma de compensar a quantidade excessiva de alimentos ingeridos. 2- Não ocorrer na presença de bulimia nem anorexia.
6- Em que momento eu realmente preciso pedir ajuda para um profissional? Como deve ser tratada a compulsão alimentar?
Psicólogo: A partir do momento em que sente que há algo errado, em que a comida não é apenas um meio de se alimentar e sentir prazer, mas ao contrário, é algo do qual você se torna dependente e se sente angustiado, precisa comer para ‘curar momentaneamente’ essa angustia.
O tratamento sugerido é um tratamento multidisciplinar: com psicólogos, psiquiatras, médicos, nutricionistas e educador físico, cada qual cumprindo uma importante função no entendimento e tratamento de cura da compulsão alimentar.
7- De que forma se dá a atuação da família e de amigos, para auxiliar esse tratamento?
Psicólogo: É importantíssimo que haja diálogo e compreensão por parte da família e pessoas próximas, e que encarem a compulsão como uma impossibilidade, como uma doença e não como mera perda de controle, má vontade e preguiça em mudar.
Observe que muitas vezes os familiares acham que parar de comer é uma escolha simples, mas não sabem o sofrimento que há por trás, a angústia que vive quem sofre com compulsão alimentar. Uma sugestão interessante é que as pessoas próximas também tentem mudar seus hábitos alimentares para incentivar o paciente.
8- Quais dicas você pode dar para os nossos telespectadores?
Psicólogo: - Procurar psicólogos para auxiliá-los.
- Tentar se alimentar em intervalos regulares e quando sentir vontade de comer, buscar outras atividades prazerosas;
- Praticar exercícios respiratórios e físicos;
9- Por que uma pessoa não consegue manter uma dieta?
Psicólogo: As interrupções nas dietas podem ocorrer por inúmeros fatores, tais como: falta de comprometimento, busca por resultados imediatos e como muitas vezes se trata de um tratamento prolongado a pessoa desiste, dificuldade no processo de emagrecimento ou até mesmo interferência na saúde de quem faz dieta.
10- Por que tem-se a ideia de que os alimentos saudáveis, propícios para as dietas, são ruins? Há alguma ligação entre a ideia de que o que é proibido é mais gostoso e isso de certa forma faz com que as pessoas prefiram os alimentos menos saudáveis?
Psicólogo: Será que as pessoas tem essa ideia? Talvez por não abrirem mão das conhecidas junk food seja por uma questão de tempo ou de hábito. E creio que para esse caso a ideia do que é proibido é mais gostoso não se aplica. A pessoa deve ter em mente a necessidade de uma reeducação alimentar, pratica de esportes e acompanhamento profissional.
11- Qual sentimento gera no indivíduo que não consegue manter a dieta?
Psicólogo: Frustração por ter abandonado o processo de emagrecimento.
Entrevista cedida pelo psicólogo Victor Dalla Nora Araujo CRP 06/104201 para a Rit TV
Agende sua consulta >> Ligue no (11) 3262-0621 ou clique aqui
Entrevista cedida pela psicóloga Marisa de Abreu para o site Minha Vida
Tratamento para Compulsão Alimentar
1. O que é compulsão alimentar?
Psicólogo: É a falta de controle na ingestão de alimentos. Ocorre normalmente com alimentos calóricos – dificilmente encontramos quem tenha compulsão por ingerir cenouras ou rabanetes. O sabor agradável do alimento parece ser o grande propulsor, talvez o sabor cumpra o papel de suprir necessidades mais subjetivas, pois a compulsão alimentar não tem grande relação com fome.
2. Quem sofre do problema deve procurar qual especialista?
Psicólogo: O profissional que trata de comportamentos e sentimentos, ou seja o psicólogo, melhor ainda se este psicólogo tiver especialização em transtornos alimentares.
3. Como é o tratamento da compulsão alimentar?
Psicólogo: O psicólogo irá conhecer o histórico familiar, tendências compulsivas em outros membros da família , histórico de ansiedade com o próprio paciente, etc.
O psicólogo irá também identificar quais pensamentos são a base deste comportamento, pois mesmo que não seja percebido todo comportamento tem uma cognição que o inicia, por exemplo “estou nervoso e preciso deste alimento pois mereço algo bom depois de tanta experiência negativa”.
Identificando as causas o psicólogo irá aplicar técnicas que facilitem a detecção do momentos gatilho da compulsão, ou seja quais são os fatores desencadeantes e técnicas para bloquear o comportamento compulsivo.
4. Esse é um problema comum entre os brasileiros?
Psicólogo: Sim, parece ser um problema comum dos países industrializados e com uma forte cultura de consumo. Por exemplo, percebe-se uma quantidade muito menor de obesidade mórbida na Europa onde os valores de consumo são muito mais voltados para qualidade do que para quantidade.
Qual a razão pela qual quem come compulsivamente pode agir das seguintes maneiras:
1. Comer escondido
Psicólogo: Ele sabe que este comer exagerado é ruim para sua saúde física e mental, tem dificuldade em auto controle e sente vergonha.
2. Comer rápido
Psicólogo: É possível que haja um pensamento inconsciente, de que aquele alimento não estará disponível por muito tempo. Isso pode ser uma associação de situações anteriores e traumáticas onde esta pessoa se percebeu privada de acolhimento, sendo este comportamento uma forma, inconsciente, de evitar novas privações.
3. Comer muito sem estar com fome
Psicólogo: O ato de comer para o compulsivo não tem muita referencia com fome, significa muito mais um “abastecimento” e reserva para possíveis momentos de escassez (mesmo que ilógico) de algo prazeroso.
4. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio
Psicólogo: O compulsivo não tem em bom funcionamento em seu cérebro o “sinal” que avisa quanto ao fim da necessidade de comer, mesmo porque ele não come por necessidade física e sim psicológica e esta necessidade emocional “precisa” muito mais de satisfação do que a necessidade física de comer.
5. Esconder pacotes e caixas de comida
Psicólogo: Idem ao comer escondido. A vergonha demonstra consciência quanto ao exagero, mas se sente incapaz de parar.
6. Estar sempre comendo
Psicólogo: Há uma necessidade emocional de abastecimento, esta necessidade é confundida com necessidade de comida, mas a comida não provê o que realmente precisa, e assim ele repete e repete o que na verdade não funciona.
7. Comer quando se está preocupado ou estressado
Psicólogo: Quando estamos preocupados ou estressados procuramos formas de resolver o problema. Muitas vezes confundimos o que seria solução com prazeres imediatos, para uns a comportamento pode ser de fuga – vai para praia, para outros pode ser que mergulhe em outras atividades como ginástica, mas o compulsivo vai atrás do prazer imediato que ele já conhece – a comida.
8. Sentir-se culpado após um episódio em que come demais
Psicólogo: Idem ao comer escondido e estar sempre comendo. Racionalmente ele sabe que não está fazendo bem para ele mesmo, mas sua incapacidade de mudar trás culpa.
9. Não estar satisfeito com peso e aparência
Psicólogo: Ele tem consciência de que seu peso é prejudicial a sua saúde e a sociedade já o informou que não aprova pessoas acima do peso. Claro que ele quer estar saudável e manter bons relacionamentos sociais, apenas se sente impotente para isso.
10. Mostrar repugnância em relação a hábitos alimentares, peso, corpo e aparência
Psicólogo: Sua repugnância demonstra que seus valores quanto aos prazeres a serem buscados são outros. Quem come arroz integral e brócolis talvez não tenha iniciado este habito pelo sabor, talvez sua motivação tenha sido a saúde e com o tempo desenvolveu um paladar que se sente bem com estes alimentos. Para o compulsivo a motivação inicial é satisfação imediata, pois ao comer brócolis só notaremos os benefícios a médio e longo prazo, mas ao comer uma pizza o prazer é no mesmo momento – ou até antes, a antecipação de comer uma pizza já nos deixa felizes.
Agende sua consulta >> Ligue no (11) 3262-0621 ou clique aqui